Índios ocupam prédio público em São José em protesto por atendimento médico



Cerca de 25 lideranças indígenas Kaingang, Xokleng e Guarani ocupam o prédio onde funciona o Distrito de Saúde Indígena, em São José, na Grande Florianópolis. O grupo representa 45 mil índios de aldeias espalhadas pelo litoral de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Eles protestam contra mudanças no atendimento da saúde indígena, depois que casos simples passaram para os Distrito Sanitário Especial Indígena (Dseis) e os de alta complexidade ficaram a cargos de hospitais.




Nos últimos meses, tem ocorrido constantes alterações na política de saúde indígena e o entendimento nas comunidades é que a situação virou um balcão de negócios envolvendo indicações políticas. Luciamara Paté veio da reserva Duque de Caxias, em José Boiteux, e afirma que, embora algum atendimento continue sendo mantido nas terras indígenas (TIs), características específicas para os povos indígenas não estão sendo respeitadas. Formada em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ela sugere que diferenças entre a saúde do branco e do índio precisam ser respeitadas também nos tratamentos.


Nesta à tarde, os índios foram recebidos no Ministério Público Federal (MPF). O Conselho Estadual dos Povos Indígenas (Cepin) marcou audiência com a procuradora Analúcia Hartmann, que se comprometeu a ir pessoalmente até a sede do Distrito hoje para ampliar a conversa e ver de perto a situação.


Também há um clima de tensão com a coordenação do Dsei, que atua nos três Estados do Sul. As lideranças reclamam que não estão sendo ouvidas. Apresentaram um relatório acerca de problemas que estariam ocorrendo na Reserva Indígena Duque de Caxias, no Vale.


Íris Bessa, secretária-executiva do Cepin, explica que a intenção é tornar o MPF mediador do conflito. No mês passado, houve uma Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) no Ministério da Saúde. Lideranças de diferentes povos ocuparam, dia 22, um dos auditórios do prédio em protesto contra o que entendem como a possibilidade de terceirização dos serviços prestados. Apesar da ocupação, o Distrito que fica em Barreiros continua funcionando.

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