Saúde Indígena tem 83% da frota sucateada em Dourados

Reserva fica sem ambulâncias e serviço de visitas domiciliares. Sem veículos, equipes fazem metade dos atendimentos. Indígenas prometem fechar a MS 156 na próxima quinta-feira
Indígenas afirmam que 25 dos 30 veículos estão parados no pátio da Secretaria Especial de Saúde Indígena na cidade de Dourados por falta de manutenção. 

Com 83% da frota sucateada, equipes de saúde indígena são obrigados a paralisar serviços importantes na Reserva. De acordo com o membro do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Fernando de Souza, 25 dos 30 veículos do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) estão parados e inservíveis por falta de manutenção. Situação que impera em Dourados há mais de três anos segundo a liderança. Por causa disso, a comunidade promete fechar a rodovia MS 156 na próxima quinta-feira. A intenção e sensibilizar o poder público para o que eles chamam de descaso com a saúde indígena.
Para se ter uma idéia, os únicos cinco carros ainda em funcionamento estão disponíveis para atender uma demanda de mais de 15 mil habitantes, moradores nas reservas Jaguapiu, Bororó, Panambizinho e acampamentos. Com isso, serviços importantes, como a visita domiciliar das equipes de saúde aos pacientes, foram suspensas. As equipes também não conseguem se deslocar e, por isso, metade do turno ficam presas no polo base. "Esses únicos cinco veículos estão tendo a função de transportar seis equipes do polo da Sesai, na área central, até os Postos de Saúde da Reserva e ainda cobrirem o plantão, quando fazem o encaminhamento de pacientes para unidades hospitalares à noite. A falta de transporte faz com que haja revezamento na ida e na volta das equipes e isto impede que os servidores se desloquem para o atendimento domiciliar na Reserva. Falta um plano de gestão de frota e manutenção constantes para impedir que eles fiquem parados", destaca Fernando.
A consequência disso, segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Leoson Mariano, é que famílias que não vão até o posto de Saúde deixem de ser atendidas. Além disso, devido às múltiplas funções dos veículos, estão ocorrendo atrasos e pacientes estão perdendo datas de exames porque o veículo não chegou no horário para transportar o pacientes, conforme relatou recentemente ao O PROGRESSO.
Sem ambulâncias
Outro grave problema na Reserva Indígena é que não existem ambulâncias. Por causa disso, os pacientes são transportados em carros de passeio de forma irregular. "Pessoas acamadas são obrigadas a irem sentadas ou deitadas sem segurança nos bancos dos carros", destaca.
Sem higienização
Outra grave preocupação é que os carros não passam por serviço de higienização. "Há grande risco de infecção cruzada, já que pessoas ensangüentadas ou que às vezes vomitam e defecam no veículo são transportados e não há uma limpeza profissional nos carros. São os profissionais da saúde que são obrigados a pegar o balde e limpar os dejetos, não eliminando bactérias, vírus e fungos que podem causar doenças infecciosas. Já ocorreu o transporte de pessoas esfaqueadas e gestantes num mesmo dia e sem a devida higienização", destaca Fernando de Souza, membro do Conselho.
SESAI
Em nota, a Secretaria Especial de Saúde Indígena disse que o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI) Mato Grosso do Sul, atualmente, conta com 40 veículos para atendimento da população indígena pertencente ao Distrito. "Com o aumento da demanda, e visando a totalidade de abrangência no atendimento da saúde aos povos indígenas da região, o DSEI MS já abriu processo licitatório para locação de 75 veículos, que substituirá os atuais e ampliará atendimento de saúde às comunidades indígenas do Estado"

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