Artesanato distribuído em escolas dá visibilidade a indígenas da Grande Florianópolis

O cacique Werá disse que o artesanato ajudou as crianças a se informar que há indígenas por perto e não apenas na Amazônia.


A distribuição de peças de artesanato Guarani foi a forma encontrada para reduzir a invisibilidade dos indígenas da região da Grande Florianópolis. Durante um ano e meio, indígenas de aldeias localizadas na área do futuro Contorno Viário produziram cerca de cinco mil peças que estão sendo entregues em escolas de Biguaçu, Palhoça, São José, Governador Celso Ramos e Florianópolis. Os produtos também são comercializados nas aldeias.

O artesanato é uma tradição do povo Guarani e uma das principais fontes de renda. Os artesãos da etnia reproduzem os animais comuns nas proximidades das aldeias, como capivaras e corujas, cestos em palha, arco e flecha, chocalhos entre outros objetos. Entre os artesãos guarani há crianças, jovens e adultos.
Os mais velhos são os responsáveis por compartilhar o conhecimento acerca da produção das peças artesanais que representam seus costumes seculares.
A bióloga Daniela Bussmann conta que em 2015 foi iniciado o projeto de resgate do artesanato nas aldeias da região metropolitana de Florianópolis. Durante oficinas, os artesãos informaram quais eram as espécies utilizadas para a confecção das peças.
Cipós, sementes coloridas, cascas e outros foram anotados. Muitas árvores já haviam desaparecido da área de coleta. Então foram feitas mudas das espécies, retiradas de outros locais, para que futuramente os artesãos tenham de onde extrair os produtos.

Mitigação de impactos

O projeto de artesanato Guarani faz parte do Componente Indígena do Plano Básico Ambiental do Contorno Viário, um programa de mitigação de impactos do empreendimento aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e conduzido com a participação da Funai (Fundação Nacional do Índio) e das lideranças Guarani.

As aldeias localizadas na área de impacto do contorno viário são:

  • M’biguaçu
  • Morro dos Cavalos
  • Amaral
  • Itanhaém
  • Massiambu
  • Praia de Fora 1
  • Praia de Fora 2
  • Cambirela
  • Amâncio
  • Canelinha

“Estamos presentes”

Werá (nome Guarani do cacique Davi Timóteo Martins), da aldeia de Itanhaém, em Biguaçu, conta que a distribuição do artesanato nas escolas aproximou os moradores da vizinhança. Muitos desconheciam a existência de aldeias nas proximidades.
“Professores e diretores de escolas que receberam os kits nos procuraram, pois não sabiam onde havia aldeia Guarani, não conheciam nosso artesanato. Começaram a nos perceber como vizinhos e isso é muito importante”, avalia Werá.
O cacique relatou que o contato deles por meio do artesanato ajudou as crianças a se informar que há indígenas por perto e não apenas na Amazônia. “As crianças das escolas ficaram sabendo que fazemos artesanato e que estamos presentes, que estamos aqui, seguindo ainda a nossa cultura tradicional, produzindo artesanato e fazendo nossos afazeres”, explica o cacique.

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